Um esforço inovador para proteger a floresta amazônica recebeu um grande impulso.
A França se comprometeu em doar U$100 milhões em uma nova iniciativa liderada pela América do Sul, anunciada em um evento paralelo à Cúpula de Ação Climática (Climate Action Summit), na manhã desta segunda-feira, em Nova York. A Conservação Internacional também se comprometeu em doar outros US$ 20 milhões. O anúncio foi feito pelo ator e membro do conselho da Conservation International, Harrison Ford, durante sua breve fala na Organização das Nações Unidas (ONU).
Video courtesy of the United Nations UN Web TV.
O financiamento visa apoiar o Pacto de Letícia, um acordo assinado no início deste mês em uma cúpula de sete, dos nove países que tem a Amazônia em suas terras, para combater o desmatamento, as queimadas e contribuir para o desenvolvimento sustentável da maior floresta tropical do mundo.
A cúpula foi convocada em 6 de setembro, na cidade amazônica de Letícia, Colômbia, pelo presidente colombiano Ivan Duque. E representa um esforço coletivo raro e de alto nível para proteger a Amazônia, onde o desmatamento voltou a subir após anos de queda, e que foi devastada por queimadas nos últimos meses.
O pacto lista 16 pontos em que os países pretendem colaborar, incluindo iniciativas de restauração florestal, ações contra a mineração ilegal e a criação de uma rede de desastres naturais, entre outros.
"Com o Pacto de Letícia, uma estrutura é necessária para reconhecer e proteger essa floresta valiosa e seus povos ... existe um caminho a seguir", disse Ford no encontro, em que estavam os presidentes da Colômbia, do Chile e da França. “Mas essa iniciativa deve ter financiamento. E deve ter legitimidade legislativa”.
Ford não deixou dúvidas sobre para onde o financiamento deveria ser direcionado.
"Esse dinheiro deve ser direcionado diretamente aos povos indígenas e à sociedade civil", disse ele, sendo aplaudido pelos que o ouviam. "Que são as pessoas que estão na linha de frente, que estão no chão, com os pés na lama."
Os cientistas dizem que o desmatamento na Amazônia está levando a região a um ponto de não retorno no qual a floresta se transformará gradualmente em uma savana seca - e que os seres humanos serão incapazes de reverter. Uma vez suficientemente degradada, a floresta perderá sua capacidade de gerar suas próprias chuvas, impedindo que o ecossistema da floresta possa existir - com implicações catastróficas para o clima global.
"Sem a Amazônia, sem a maior floresta tropical existente no mundo, não podemos encontrar uma solução para a crise climática", afirmou Ford.
O ator e nosso conselheiro encerrou sua fala com um duro lembrete sobre o motivo pelo qual estavam lutando naquela reunião.
“Existe uma nova força da natureza em ação, e ela está agitando todo o mundo. São os jovens com quem, francamente, falhamos. Quem está com raiva? Quem está se organizado? Quem é capaz de fazer a diferença”
"A coisa mais importante que podemos fazer por eles é abrir o caminho e sair da frente deles".
Bruno Vander é diretor sênior de comunicação da Conservation International.