CI-Brasil na COP: Estratégias para restaurar e conservar a Amazônia: iniciativas de sucesso, comunidades e autoridades

dezembro 9, 2023

Dubai, 10 de dezembro de 2023 -  Inicialmente, pesquisas falavam sobre a necessidade de mantermos ao menos 80% da cobertura original da Amazônia. Hoje, após novas pesquisas, é possível dizer que existem ao menos 5 pontos de não retorno e que a interação entre eles pode antecipar esses limiares. Isso significa que o planeta que conhecemos está próximo de uma mudança irreversível.

Mas é possível mitigar os efeitos da crise climática e as soluções baseadas na natureza podem representar até 30% das ações necessárias. O último painel da comitiva da CI-Brasil na COP 28,  moderado hoje, em Dubai, “**Estratégias para restaurar e conservar a Amazônia: iniciativas de sucesso, comunidades e autoridades”** abordou de maneira estrutural as potencialidades da restauração florestal na Amazônia em larga escala, com seus principais atores. “O Brasil, em especial, precisa conservar o que restou do bioma e restaurar com velocidade, e isso passa por mecanismos de comando e controle, mas também por incentivos e outros instrumentos de mercado que nos ajudem a valorizar a floresta em pé, utilizando conservação, manejo sustentável e restauração como pilares” inicia Miguel Moraes, Diretor Sênior de Programas da Conservação Internacional (CI-Brasil).

No campo da ciência, a Dra. Marielos Peña-Claros, vice-presidente do Painel Científico para a Amazônia, abordou que as secas prolongadas, mais as altas taxas de desmatamento já indicam que a Amazônia está em perigo real de atingir o ponto de não retorno.

“A verdade é que a Amazônia já está emitindo mais carbono ao invés de retirar”. Marielos afirmou ainda que a ciência possui um papel importante também na restauração de paisagens. “É importante falarmos também  sobre uma visão de restauração diversa, com diferentes espécies no campo. Quais suas características e impactos e assim conseguimos restaurações mais alinhados a florestas e mais distantes de monoculturas”.

Representando o governo federal, a diretora de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Fabíola Zerbini, pontuou que um desafio importante da federação é de uma visão de médio e longo prazo. “Precisamos pensar como trazemos uma política de proteção para criar uma frente de regeneração natural, de áreas degradadas. Por isso o PLANAVEG (Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa) é importante para olhar para essas áreas degradadas”. Ainda no campo das políticas públicas, o Secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado do Pará, Mauro O´de Almeida, afirma que os números de desmatamento caíram. “Com os olhos nisso, precisamos cuidar da nossa parte. O estado do Pará fez o plano de bioeconomia e agora entregamos o PRVN (Plano Estadual de Recuperação da Vegetação Nativa) com metas ambiciosas que a soma chega quase à metade da meta nacional”.

No âmbito do setor privado, Peter Fernandez, CEO na Mombak, trouxe a inovação tecnológica como forte aliada na escalada da restauração. De acordo com Peter, a remoção de carbono feita com alta qualidade tem preço alto no exterior e para realizar isso, empresas de crédito de carbono investem muito em ciência e processos industriais para entregar em grande escala.

“Contratamos uma equipe muito forte de cientistas brasileiros que estudam restauração no país há muito tempo. Eles desenham quais tipos de florestas iremos plantar, quais são as espécies que servem determinadas funções biológicas específicas, que atraem determinadas espécies da fauna e que se perpetuam na região, para que as florestas fiquem em pé por muito tempo”, explica Fernandez.

No caso da Mombak, a novidade é o arranjo da ciência com o fluxo indústria. “Usamos ciência de dados para escolher os lugares e a lógica de indústria. Chamamos isso de “reflorestamento nativo e biodiverso em escala industrial” e isso traz riqueza para a região, emprego e renda. Para nós parece que é uma situação de ganha-ganha”, termina.

 

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