Sitawi e CI-Brasil apresentam três guias para investimento em negócios da bioeconomia no Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas

março 6, 2024

Os chamados 'blueprints' são modelos de investimento em negócios com impacto socioambiental positivo e replicável; a ideia é que a bioeconomia seja uma oportunidade de investimento para proteção e conservação da biodiversidade 

 

São Paulo, 28 de fevereiro de 2024 – Investidores que compreendem a importância da biodiversidade para a sobrevivência humana e para a sustentabilidade a longo prazo de seus negócios podem – e devem - buscar resultados financeiros atrelados à conservação da natureza, ampliando a sua estratégia de investimento. 

É com esta proposta que a Conservação Internacional (CI-Brasil) e Sitawi Finanças do Bem apresentaram os blueprints de investimento em conservação da biodiversidade durante o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, realizado dias 26 e 27 em São Paulo. O Fórum, iniciativa pensada na COP28, antecedeu a reunião de Ministros das Finanças do G20 e abrange organismos governamentais, sociedade civil e representantes do mercado financeiro para impulsionar a transição para uma economia global de baixo carbono.

 

Blueprints verdes

Ao longo de mais de 40 páginas, o primeiro documento do gênero a ser desenvolvido no Brasil, detalha tanto o modelo de negócios, como o de financiamento, de três negócios da bioeconomia – Belterra, Tobasa e Coomflona –, apresentando, ainda, análises e vários indicadores sobre os impactos socioambientais positivos que proporcionam. 

“O capital privado deve levar em conta também os objetivos de impactos socioambientais positivos em suas estratégias de investimento”, afirma Fernando Campos, gerente de Finanças de Conservação e Clima da Sitawi Finanças do Bem. “Nosso objetivo com essa iniciativa é que esses modelos de negócio e de investimento venham a ser replicados por outras instituições, e possam alavancar e destravar recursos financeiros, ampliando a proteção e a conservação da biodiversidade”, detalha.

O gerente da Sitawi ressalta, ainda, que, para contemplar as ações previstas no Marco Global de Biodiversidade (GBF), assinado por 196 países, faltam no mundo entre US$ 598 bilhões e US$ 824 bilhões por ano*. Ele lembra que a necessidade de se aumentar recursos financeiros privados para biodiversidade é tratado explicitamente na Meta 19 (c) do GBF.

 

Negócios da bioeconomia

Segundo Mauricio Bianco, vice-presidente da CI-Brasil, quem normalmente financia os recursos para proteger a biodiversidade global são governos e a filantropia. As Soluções Baseadas na Natureza oferecem até 30% das ações necessárias para mitigar os efeitos da crise climática, mas recebem apenas 3% do financiamento global para o clima. “Esse financiamento não será suficiente para atingirmos as metas estabelecidas pelo GBF e outros acordos globais para o clima. Nesse cenário, o setor privado  tem uma grande oportunidade nas mãos de tomar a frente de iniciativas de conservação da natureza, garantindo um futuro produtivo para uma economia altamente dependente dos serviços ecossistêmicos. ”, declara. 

Todos os três blueprints do documento apresentado pelas duas organizações trazem modelos de negócios que procuram ter uma interação harmoniosa entre aspectos econômicos, ambientais e sociais. Eles estão inseridos em mercados e negócios que promovem a integridade dos ecossistemas, a valorização dos conhecimentos das populações locais e a distribuição justa dos benefícios alcançados. "É imprescindível contarmos com novas alternativas para financiar a floresta em pé, os rios fluindo saudáveis e o bem viver das populações que garantem a perpetuidade desses ecossistemas."

Tanto para Campos como para Bianco, é imprescindível desenvolver mecanismos de financiamento aderentes às realidades dos negócios da bioeconomia e às suas perspectivas de evolução. Devem, por exemplo, evitar o rigor adicional dado pelo mercado financeiro - com relação à entrega de dados e informações, projeções e exigências de escalabilidade e replicabilidade – em relação ao que é pedido para o financiamento de outros mercados já estruturados. “Muitas vezes essas exigências são desproporcionais”, descrevem.

Confira, abaixo, os três blueprints apresentados  pela Sitawi e CI-Brasil. Os documentos completos dos blueprints podem ser acessados em:  conservacao.org.br/blueprints  

 

Belterra: restauração florestal

A empresa é pioneira no setor de restauração florestal no Brasil, em parceria com os produtores rurais. Fornece assistência técnica para a execução de planos para a restauração de áreas degradadas. Atua na sua gestão, manutenção, estratégias de restauração e recuperação da biodiversidade. Obtém boa parte de suas receitas da venda de produtos desses sistemas e da geração de créditos de carbono. Seu modelo de financiamento prevê investimentos próprios e o apoio à tomada de crédito com instituições financeiras. Utiliza, ainda, blended finance para financiar o desenho, a implementação e o monitoramento de sistemas agroflorestais.

 

Tobasa: aproveitamento integral do coco do babaçu

A empresa possui um processo produtivo inovador para o aproveitamento integral do coco do babaçu, sem gerar resíduos de matéria-prima. É líder na produção e no fornecimento do carvão ativado – um material extremamente poroso, usado tanto em filtros de água quanto em medicamentos, para a remoção de toxinas. Com isso consegue maximizar o aproveitamento econômico e sustentável do coco de babaçu e promove a geração de renda para as comunidades extrativistas. Centraliza e coordena os processos de coleta, processamento, desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos e técnicas de produção do coco de babaçu. Tem usado diferentes instrumentos financeiros - da subvenção financeira para a inovação, na forma de capital não reembolsável, a finanças híbridas e linhas convencionais para capital de giro. 

 

CoomFlona: madeira extraída de forma sustentável 

A Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona) extrai e comercializa madeira tropical em tora da Floresta Nacional do Tapajós. Promove junto às comunidades tradicionais a adoção de práticas de conservação e a minimização de impacto ambiental da produção madeireira. Possui parcerias com a academia e órgãos governamentais para ampliar o apoio técnico, a transparência e o monitoramento comunitário e participativo da biodiversidade. Seu modelo de investimento é estruturado com base em capital não reembolsável, oriundo de instituições filantrópicas e de bancos de desenvolvimento.  

 


 

Sobre a Sitawi 

A Sitawi Finanças do Bem é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 com a missão de mobilizar capital para impacto socioambiental positivo. Pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para impacto, já mobilizou mais de R$ 450 milhões para impacto socioambiental, apoiando mais de 2.980 iniciativas e beneficiando 14 milhões de pessoas em todo o país. Mais informações: www.sitawi.net 

Sobre a Conservação Internacional (CI-Brasil)

A Conservação Internacional usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza da qual as pessoas dependem para obter alimentos, água doce e meios de subsistência. Desde 1990 no Brasil, a Conservação Internacional trabalha em mais de 30 países em seis continentes para garantir um planeta saudável e próspero, que sustenta a todos. Mais informações: www.conservacao.org.br

 

Contatos para imprensa

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