Declaração do Vice-Presidente da CI-Brasil sobre secas e incêndios no Brasil
setembro 13, 2024
Setembro, 2024 - Mais um recorde que não nos orgulha em ter batido: agosto de 2024 foi o mais quente já registrado no planeta. É o 13º mês, em um período de 14 meses, em que a temperatura média global ultrapassa os 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. O desmatamento, a queima de combustíveis fósseis e o uso do fogo estão intensificando a crise climática, gerando condições extremas como seca severa e altas temperaturas.
A estiagem na Amazônia esse ano começou mais cedo, com casos como o do Rio Madeira, um dos rios mais caudalosos da região, que está no seu menor nível em seis décadas, expondo dificuldades de locomoção e acesso a água potável de comunidades ribeirinhas, sem mencionar a dificuldade da pesca. O número de focos de queimadas no Brasil dobrou, cobrindo 60% do país com fumaça e fuligem, afetando especialmente o Pantanal, o Cerrado, a Amazônia e chegando às cidades da região Sudeste. Os famosos “rios voadores” da Amazônia, que normalmente transportam vapor de água para as regiões Sul e Sudeste se tornaram “rios de fumaça” nas últimas semanas, pois em vez de água, esses ventos têm espalhado fumaça e ar seco, agravando os incêndios e colocando cidades brasileira no ranking mundial de pior qualidade do ar.
As consequências imediatas para a saúde, como problemas respiratórios, irritações nos olhos e piora da qualidade do ar parecem trazer uma percepção direta e palpável da crise climática para a população urbana, que muitas vezes está fisicamente distante das florestas em chamas. Estamos perigosamente, nos aproximando de um ponto crítico — o chamado tipping point — onde os danos causados à Amazônia podem transformar a floresta em uma savana, de maneira irreversível e com consequências para todo o planeta.
As evidências são claras: a frequência e a intensidade das secas e queimadas estão aumentando, refletindo um padrão global que não podemos ignorar. As manchetes sobre o fogo e a presença de fumaça nas cidades tornam a crise tangível e aumenta a conscientização pública sobre os impactos que traz. A emergência climática é uma realidade que exige uma resposta decisiva e coordenada para mitigar esses danos e nos adaptar a essa realidade.
A Conservação Internacional segue comprometida a contribuir com o enfrentamento da crise climática através das Soluções Baseadas na Natureza (SBNs) que não só ajudam a diminuir seus efeitos, mas também oferecem um caminho para a adaptação das comunidades e dos ecossistemas às novas condições climáticas. É imperativo que todos — governos, empresas e sociedade civil — se unam para implementar medidas comprovadamente eficazes com foco na mitigação e adaptação frente ao atual cenário. A cooperação global e o cumprimento dos acordos internacionais são essenciais para que possamos reverter essa trajetória.
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