Declaração de Mauricio Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional (CI-Brasil), sobre os resultados da COP16
novembro 5, 2024
5 de novembro de 2024 - Com o encerramento da 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU (COP16) em Cali, na Colômbia, é importante avaliar os progressos e os desafios que se apresentaram neste momento crítico para a conservação da biodiversidade.
Notavelmente, as Partes reconheceram o papel dos Povos Indígenas e das Comunidades Locais na gestão de ecossistemas chave, com a criação de um novo órgão permanente para garantir a participação desses grupos nas negociações daqui em diante. Este reconhecimento é um passo necessário para assegurar que aqueles que chamam as florestas de lar, tenham um papel ativo nas decisões que os afetam. Além disso, o reconhecimento do papel das populações afrodescendentes na conservação da biodiversidade reforça a importância da diversidade social e cultural na proteção da natureza.
A COP16 também reforçou o que a ciência já nos mostra: é vital tratar a perda de biodiversidade e a crise climática de maneira integrada. O consenso alcançado sobre a interdependência entre essas crises deixa claro que as iniciativas para biodiversidade e clima precisam ser complementares, somando esforços e garantindo que as ações em um campo amplifiquem os resultados do outro.
No entanto, não podemos ignorar a falta de um avanço concreto em soluções para o financiamento das ambições de conservação e uso sustentável da biodiversidade. A dificuldade de adotar uma estratégia de mobilização de recursos para 2025-2030 deixa uma lacuna significativa em nosso esforço coletivo para atender às metas do Quadro Global de Biodiversidade. Sem o financiamento adequado, a implementação de ações efetivas se torna um desafio quase intransponível.
A falta de avanço para um quadro completo de monitoramento merece ser destacada, já que os esforços de biodiversidade e seu financiamento precisam estar associados ao monitoramento e acompanhamento transparentes para responsabilizar governos e outras partes interessadas.
À medida que nos dirigimos para a COP29, em Baku, no Azerbaijão, e para o próximo encontro no Brasil, na COP30 em 2025, precisamos manter a pressão por uma ambição maior. A ausência de um quadro de monitoramento adequado impede que possamos relatar e avaliar de maneira agregada nossas ações em nível global, um fator crítico para garantir a responsabilidade dos países.
É necessário que governos, empresas, sociedade civil e comunidades mantenham um esforço coordenado para implementar ações eficazes que enfrentem a emergência climática e as ameaças à biodiversidade. No caso do Brasil, como país megadiverso e com responsabilidade global na conservação de ecossistemas únicos, o governo deve submeter sua EPANB atualizada nos próximos meses, a partir de conversas para sua finalização na Comissão Nacional da Biodiversidade (CONABIO). A Conservação Internacional continua comprometida em trabalhar ao lado de nossos parceiros promovendo Soluções Baseadas na Natureza que não apenas mitigam os efeitos da crise climática, mas também fortaleçam a resiliência de comunidades e ecossistemas.
Contatos para imprensa
Inaê Brandão – Coordenadora de Comunicação
ibrandao@conservation.org
Tel: +55-95-98112-0262