Futuro além da Paisagem
Ao que nos referimos quando falamos sobre futuros possíveis?
De espécies para além da paisagem – o espaço geográfico. Nos últimos 40 anos, são perceptíveis as mudanças de abordagem nos esforços de Conservação da Natureza no Brasil. Fruto do desenvolvimento científico, do amadurecimento de políticas ambientais e dos processos de organização da sociedade, novos olhares para a conservação proporcionaram melhor conhecimento sobre espécies ameaçadas e necessidades de ação, como elaboração de planos nacionais, estaduais e municipais, aumento de áreas protegidas e de esforços para garantir sua implementação, desenvolvimento de tecnologias e métodos de monitoramento da vegetação nativa, estratégias de restauração e de implementação de conectividade estrutural e funcional entre ecossistemas. Proporcionaram ainda o entendimento sobre a necessidade de estabelecer pactos com a sociedade para garantir a conservação das espécies e ecossistemas.
A partir de abordagem integrada e sistêmica da paisagem, atualmente busca-se a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade aliada à promoção do bem-estar humano, respeitando e fortalecendo os modos de vida tradicionais, com melhores práticas produtivas e juntando os diversos setores da sociedade para a proteção, uso sustentável e repartição dos benefícios dos recursos naturais, bem como a garantia de justiça socioambiental.
Neste sentido, a gestão participativa nos processos de tomada de decisão sobre o uso do território é chave para efetiva adoção de políticas voltadas para a conservação dos recursos naturais e instrumentos que possam traduzir o conhecimento científico em ferramentas que fortaleçam a gestão em diversos níveis das esferas político-administrativas do Brasil.
Este livro pretende traçar um panorama histórico-cultural da produção do espaço geográfico da conservação do capital natural no Brasil nos últimos 40 anos; não com a intenção em periodizar a temática e sim numa perspectiva de integração de abordagens como subsídios para atuação de gestores, pesquisadores, estudantes e população em geral em espaços de tomadas de decisão sobre a conservação da natureza.