TECNOLOGIA + CONHECIMENTO ANCESTRAL = INOVAÇÃO

 

 

Em parceria com os Ashaninka e os Yawanawá, a Conservação Internacional desenvolveu aplicativo de gestão e monitoramento territorial que está virando referência internacional.

Em 2023, homens e mulheres indígenas guardiões do território andam pela floresta para identificar ameaças e proteger suas terras, mas alguma coisa está diferente. Ao invés de objetos de luta, eles carregam nas mãos um celular. “Eu não entendia antes como o aplicativo em um celular poderia fortalecer nossa espiritualidade e ajudar a proteger a floresta, mas agora eu entendo”, relata o jovem Thawahu, do povo Yawanawá.

Thawahu faz parte de um grupo de 12 monitores dos povos Ashaninka e Yawanawá que atuam como guardiões do território no projeto Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde. Em parceria com as organizações indígenas Associação Sociocultural Yawanawá (ASCY), Cooperativa Agroextrativista Yawanawa (Coopyawa) e Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa), a CI-Brasil criou um Sistema de Monitoramento e Gestão Territorial digital. Os aplicativos foram construídos de acordo com as demandas e especificidades de cada território tendo inclusive versão em línguas nativas. Por meio do uso da tecnologia, é possível identificar ameaças, realizar censo demográfico, mapear biodiversidade, atividades e cadeias produtivas, saberes originários no espaço geográfico, e mais.

Todas as informações coletadas no aplicativo são georreferenciadas e acompanhadas por registros de áudio e/ou imagem. Bruno Coutinho, Diretor de Gestão do Conhecimento da CI-Brasil, explica que a tecnologia social está disponível para uso em uma área de 707 mil hectares na floresta Amazônica, onde residem 2.4 mil pessoas. “Para conseguir abranger esse território, a Conservação Internacional treinou os guardiões no uso de celulares, laptops, GPS e drones. A coleta de informações e análise desses dados são muito importantes pois qualificam a toma de decisão. Desse modo, as lideranças das aldeias podem planejar melhor suas ações e priorizações.”

 

 

“O aplicativo pode nos ajudar a conhecer o que tem na floresta para nos conectar mais com ela e isso é muito poderoso. Eu quero saber o que tem dentro dos igarapés, entender o que tem no nosso território, assim vou ajudar na proteção. Agora eu entendo e sei que é muito importante. Sei que vai dar certo, a espiritualidade me diz que isso vai ser muito importante para nós”, completa Thawahu.

Ainda no ano passado, a equipe da Diretoria de Gestão do Conhecimento da CI-Brasil apresentou a tecnologia em dois congressos internacionais, Esri User Conference e Society for Conservation GIS Annual Conference. O aplicativo também objeto de reportagem de mais de 120 reportagens em sites de notícias nacionais, entre eles UOL, Isto É e Época Negócios.

No ano de 2023, foram realizadas expedições nos territórios e registrado no app:

  • 180 informações sobre distribuição de caça, recursos florestais, cultivos e recursos hídricos
  • 829 informações de elementos de infraestrutura
  • 190 informações de cultura, plantas medicinais e arte
  • 210 informações demográficas