PROSPERIDADE E CONSERVAÇÃO: UMA PARCERIA POSSÍVEL
O Pesca + Sustentável é um projeto de impacto social da Conservação Internacional junto a comunidades de pesca artesanal dos estados da Bahia e do Rio de Janeiro. Pela disseminação de boas práticas econômica, social e ambientalmente viáveis, busca o desenvolvimento e a implantação de programas de melhoria pesqueira, com ênfase na rastreabilidade de frutos do mar que leve a cadeias de abastecimento mais justas e transparentes. A ideia é mudar o paradigma de pescar mais para pescar melhor, diminuindo o esforço sobre os estoques e melhorando de forma direta a renda dos pescadores e suas famílias.
Por que isso é importante?
Ao aprimorar as práticas de pesca, manuseio e comercialização do pescado é possível:
Atualmente o Pesca + Sustentável está presente nos municípios de São Pedro da Aldeia (RJ), por meio de parceria com a Associação de Pescadores Artesanais e Amigos da Praia da Pitória (APAAPP), e de Canavieiras e Belmonte (BA), em conjunto com a Reserva Extrativista de Canavieiras.
PROGRAMA ESTIMULA O CONSUMO CONSCIENTE
Além dos pescadores artesanais, também podem participar do Pesca + Sustentável estabelecimentos interessados em consumir e comercializar produtos socialmente justos e ambientalmente sustentáveis, a exemplo de restaurantes, mercados de peixe e redes de supermercados.
Conscientes da origem dos pescados que adquirem, essas empresas desempenham papel importante na conservação dos recursos marinhos, além de contribuir para a transparência na cadeia de comercialização e para o desenvolvimento de uma nova cultura de consumo baseada no respeito a práticas sustentáveis. E tudo isso levando produtos de qualidade para seus consumidores, com responsabilidade e transparência.
NOSSOS MAIORES DESAFIOS
Um em cada 200 brasileiros é pescador artesanal. Considerada uma das atividades econômicas mais tradicionais do Brasil, a pesca artesanal é exercida por extrativistas autônomos, em regime de economia familiar ou individual, que atuam na proximidade da costa, dos lagos e rios. Seu grande impacto social e econômico se estende, inclusive, para a segurança alimentar desses pescadores.
Estima-se que 45% de toda a produção anual de pescado desembarcada no Brasil é oriunda da pesca artesanal. Entretanto, a falta de informações oficiais sobre a produção pesqueira colabora para a inexistência de políticas públicas assertivas para a gestão da pesca no país. Aliado a isso, os requisitos legais para a comercialização do pescado de origem artesanal dificilmente são atingidos pelas associações.
NOSSAS SOLUÇÕES
- Estimular o empreendedorismo, por meio de capacitação, treinamento e assessoria.
- Desenvolver estudos de viabilidade econômica e financeira para grupos produtivos.
- Promover intercâmbios entre atores da cadeia produtiva.
- Estabelecer parcerias com instituições nacionais e internacionais para desenvolvimento e adoção de tecnologias com foco na rastreabilidade, comercialização e cultura digital.
- Estimular o uso de práticas mais sustentáveis de captura e de manejo para os estoques pesqueiros.
- Disseminar a cultura do consumo consciente para todos os atores envolvidos na cadeia da pesca artesanal, inclusive, os consumidores finais.
- Incentivar a participação das mulheres, dando visibilidade ao importante trabalho que realizam na cadeia de pesca, assegurando maior diversidade e o desenvolvimento de novas formas de geração de renda familiar.
RASTREABILIDADE ASSEGURA MAIOR VALOR À PESCA ARTESANAL
O que é rastreabilidade do pescado?
É um sistema que permite acompanhar todas as etapas por onde o pescado passou desde que foi capturado até chegar ao consumidor final. Ela permite:
- Ter segurança sobre a espécie que está sendo consumida e se ela foi capturada em período e local permitidos por lei, por exemplo;
- Que o consumidor aprenda sobre a cadeia produtiva do pescado, acessando informações sobre a técnica de pesca utilizada e sobre a comunidade que fez aquela pescaria.
AS ESTRELAS DO NOSSO PROJETO
Conheça as principais características das espécies de abrangência do Pesca + Sustentável e os locais onde são pescadas/capturadas. Em comum, esses pescados possuem períodos de defeso regulamentado e boas práticas de captura.
A tainha é o nome popular de um peixe da família Mugilidae e gênero Mugil largamente utilizado na alimentação humana. É uma espécie que forma grandes cardumes, principalmente durante a migração reprodutiva. Sua alimentação é diurna e essencialmente herbívora, baseada em algas, detritos, zooplânctons e organismos bentônicos.
Pode medir entre 10 cm e 100 cm e pesar até 8 kg. É encontrada em águas marinhas costeiras e estuários salgados, assim como em lagoas hipersalinas e de água doce, mas nunca muito longe do mar. As formas de captura utilizadas na Lagoa de Araruama, em São Pedro da Aldeia, são cerco e gancho, respeitando o período de defeso da lagoa.
O caranguejo-uçá, Ucides cordatus, é um dos principais recursos pesqueiros para populações tradicionais do litoral brasileiro. Espécie de crustáceo semi-terrestre, é encontrado em zonas de supra e meio litoral de manguezais ao longo de praticamente toda a costa. Passa toda a sua vida neste ambiente, habitando o interior de tocas escavadas na lama.
Entretanto, o caranguejo-uçá apresenta uma fase larval planctônica (1-2 meses na coluna d’água) na qual as larvas são facilmente submetidas à dispersão através das correntes marinhas. É um crustáceo de crescimento lento e ciclo de vida longo, podendo alcançar uma longevidade de mais de 10 anos.
O Robalo flecha (Centropomus undecimalis) possui hábitos costeiros, em águas rasas de recifes, baías, canais , estuários, manguezais, lagoas e rios costeiros. Durante o período reprodutivo é comum encontrá-los em estuários, utilizados como áreas de berçário. Geralmente forma cardumes. Mede entre 10 e 150 cm e pode pesar até 20 Kg.
O Robalo-peba (Centropomus parallelus) ou camorim-peba possui hábitos costeiros, em águas rasas de recifes, baías, canais, estuários, manguezais, lagoas e rios costeiros. Durante o período reprodutivo é comum encontrá-los em estuários, utilizados como áreas de berçário. Geralmente forma cardumes, às vezes muito numerosos, em zonas sombreadas e calmas a alguns metros do fundo. Esta espécie parece ser mais comum em águas doces do que as demais espécies de robalo. Chega a medir entre 10 e 50 cm e a pesar até 3 Kg.
GANCHO DE PEIXE
O gancho de peixe remonta a uma das atividades seculares na Lagoa de Araruama. Os cardumes são levados a complexos de currais pelas correntes marinhas de enchente e vazante.
É IMPORTANTE SABER
Redução e ou colapso dos Estoques Pesqueiros
Cerca de 34% dos estoques mundiais de peixes, para os quais existem estudos, vêm sendo pescados acima dos níveis biológicos sustentáveis (Estado Mundial da Pesca e da Aquicultura -SOFIA 2020 – FAO). No Brasil, um dos maiores desafios para a sustentabilidade da pesca é a falta de informação oficial sobre a produção pesqueira.
Sobrepesca ou Pesca Predatória
A sobrepesca ou pesca predatória é um grave problema para o país. Ela ocorre quando os estoques de peixe são explorados além da capacidade natural de reprodução. Tanto a pesca industrial de grande escala, quanto a pesca artesanal de pequena escala podem contribuir para a sobrepesca.
Degradação de ambientes costeiros e marinhos
Agravada pelas mudanças climáticas, a poluição marinha provocada pela atividade humana causa alterações no ambiente dos ecossistemas costeiros e marinhos, afetando diretamente a pesca. O desmatamento para fins de urbanização destas áreas e de utilização de madeira destrói habitats valiosos, afetando manguezais e até mesmo os recifes de corais.
FIQUE POR DENTRO
Na cadeia produtiva do pescado, há três processos importantes:
- Captura;
- Beneficiamento;
- Comercialização.
Em todas essas etapas a sustentabilidade é garantida pela adoção de boas práticas. A sensibilização de todos os atores envolvidos é indispensável para assegurar melhorias na qualidade de vida, respeitando os fatores ambientais para a manutenção dos recursos naturais.
Por isso, o Pesca+Sustentável contempla:
- Identificação de novas pescarias;
- Realização de treinamentos e intercâmbios de aprendizado de pescadores/produtores e parceiros da cadeia;
- Implementação de estudos de viabilidade econômica das cadeias de pesca;
- Elaboração de planos de negócios;
- Apoio à formação de arranjos para as cadeias de comercialização;
- Inserção e manutenção das cadeias no sistema de rastreamento;
- Sensibilização da sociedade para o consumo consciente.
Atua ainda para garantir a sustentabilidade financeira dessas cadeias produtivas, assim como a regularização do processo de beneficiamento.
O pescado pode ser comercializado:
Inteiro - quando não há interferência no pescado;
Beneficiado - quando são feitos subprodutos a partir dele, como filés, catados e outros. O beneficiamento exige uma série de requisitos legais e sanitários que geram um alto custo de produção.
Sua comercialização pode ser:
Direta - feita em feiras e mercados direto do produtor para o consumidor final;
Indireta - por meio da ação de intermediários.